FAAN

Intervenção no 14º aniversário da Fundação Dr. António Agostinho Neto

AMAR

Excelências, Membros da Direcção do Memorial Agostinho Neto

Excelentíssimos membros da Família de Agostinho Neto

Excelentíssimo Senhor David Capelenguela, Secretário- Geral da União dos Escritores Angolanos

Digníssimos Dr. Luís Bernardino e Eng. Conceição Cristóvão

Distintos Escritores, Caros convidados, Minhas Senhoras e meus Senhores

Em nome de Sua Excelência, Sra. Dona Maria Eugénia Neto, Presidente da Fundação Agostinho Neto, agradecemos a vossa encorajadora presença, nesta magna sala, a fim de testemunharem o lançamento de duas importantes obras literárias, não obstante os tempos difíceis que correm, por conta da pandemia do COVID-19, que vem deixando um assustador rasto de dor, condicionando o normal desenvolvimento do Mundo e do nosso país, em particular, com incidência maior sobre a nossa já fragilizada economia. E as consequências, estão aí, à vista de todos! Sofre o sector da saúde, o sector da cultura, o sector da indústria, da agricultura…Enfim, toda a sociedade tem sido atingida pelos estragos que vem causando, esse vírus mortal, progressivo e invisível, que continua a impor-nos radicalmente, um novo formato de vida, levando-nos a abandonar inclusive, hábitos e costumes seculares!

Só para enfatizar, gestos de amor e fraternidade, como o intenso abraço africano, com que sempre manifestamos o nosso apreço em relação ao próximo, de repente, deixaram de fazer sentido, como se nunca tivessem existido sequer!

Por outro lado, e paralelamente, no meio de todo esse caos social que nos aflige, continuamos a assistir a um desfilar de ódios e rancores contra a memória do nosso Patrono, Herói Nacional e Fundador da Nação, o Dr. António Agostinho Neto, veiculados por alguns órgãos de comunicação social, nacionais e estrangeiros, principalmente na internet, que no cumprimento do seu papel social, divulga verdades, mas também, muitas inverdades. Confundindo assim, a juventude que nela navega, pois é sabido, que os conceitos de cidadania e patriotismo entre a classe juvenil no nosso país são ainda bastante ténues e facilmente essa franja da sociedade acaba sendo iludida por discursos inflamados, textos de estrutura tendenciosa e falas arrebatadoras de bons comunicadores, que nem sempre optam, por transmitir a verdade, manipulando a seu bel prazer e de forma perigosa, as atitudes e reacções que possam advir desse jogo de interesses.

Por isso, juventude, ninguém vos pode retirar o direito de reagir pacificamente, sempre que se sentirem desencantados…não o permitam! Porém, antes de fazerem qualquer juízo de valor ou aderirem a qualquer movimento reivindicativo, não se deixem levar apenas pelas emoções…aprendam sobre todo um passado recente e glorioso, que teve também espinhos, como todo o percurso…e porque somos humanos, obviamente, falíveis! Aprendam e instruam-se antes com pessoas que se mostrem imparciais, sem ambições dúbias, autoritárias, ou de poder… sem feridas por curar, sem ódios recalcados, e questionem, não se cansem de questionar…e só depois de esgotadas todas a dúvidas, todas as sombras…adiram então!

Incredulamente, muitos desses actores sociais, referenciados no parágrafo anterior, são os mesmos que se apelidam de defensores da Paz, da Democracia e dos Direitos Humanos mas incitam à violência verbal, com rasgos profundos de intolerância, deselegância e desrespeito a memória de uma das mais importantes referências nacionais e internacionais, do último século, cujos feitos e conquistas dispensam apresentação, mas servem a justa os interesses desses mesmos irmãos angolanos que o tentam em vão desvalorizar, mas que caricatamente, beneficiam-se do legado que Agostinho Neto deixou:

Servem-se da Independência que Agostinho Neto proclamou, perante a África e o Mundo, para se sentirem livres; beneficiam-se das instituições criadas por Agostinho Neto, reconhecendo-lhes, assim, legalidade; servem-se do Bilhete de Identidade angolano, para darem solução as suas necessidades administrativas; utilizam o Passaporte angolano, para viajarem ao exterior…de onde muitas vezes, expelem o seu fel!

Portanto, são inúmeros os ganhos, resultantes da acção patriótica e cidadã de Agostinho Neto, que os seus detractores utilizam no dia-a-dia, sem se indignarem…mas como é muito forte a apetência pelo poder, tentam sem sucesso, há mais de quarenta anos, banalizar as pedras que Agostinho Neto colocou, nos alicerces do Mundo!

A força, a obra e a dimensão das pessoas heróicas do nosso país, são como a corrente do Kwanza, que desfila em toda a sua majestade, a passagem, desde a sua origem em Mumbwé!

Agostinho Neto, doou-se a uma causa e perseverou, com verticalidade e abnegação, sacrificando a sua juventude e a própria vida… Não se instalou em nenhuma capital europeia, para assistir o filme de camarote. Havia decidido, não esperar, sabia que era aquele por quem se esperava!Despiu-se de quaisquer mordomias e foi decididamente para o interior, para o lado do Povo. Já era médico, não se esqueçam… Na condição dele e com as valências que tinha, um dos raros médicos negros em toda a África e que tinha a poesia na alma, para refinar os seus instintos, teria uma vida de príncipe se abdicasse da luta! Mas não cedeu às pressões, nem às chantagens financeiro-materiais do regime colonial português!

Por ter crescido dentro dos cânones impostos pela religião, pela educação refinada que recebeu da mãe, a notável professora Maria da Silva Neto e do pai, o Reverendo Agostinho Pedro Neto, pastor e professor, a seu tempo considerado, pelo regime colonial reinante, como sendo o negro que melhor falava a língua portuguesa em toda a colónia…tal era o respeito que os opressores nutriam por ele! Agostinho Neto não se deixava corromper pela ilusão passageira dos bens materiais. Queria viver com dignidade e sabia que a Liberdade era o principio de tudo dar!… Conquistar dignidade para a sua família alargada, o seu Povo… Porque naquela altura já havia assumido no seu interior que o mais importante era “Resolver os problemas do Povo!”

A sua obra constitui um obstáculo permanente aos que há décadas lutam contra a sua memória, tentando destruir as suas conquistas…e mais não têm conseguido…senão somar pesadelo atrás de pesadelo!

É prática corrente, também, vermos esses mesmos actores sociais, tentarem colar ao bom nome de Agostinho Neto, factos praticados por outrém, desde os tempos da guerrilha, aos dias de hoje. Mas Agostinho Neto tinha personalidade própria, pautando-se sempre por trilhar, por caminhos seguros e nobres, que pudessem servir o Povo, pelo qual lutou apaixonadamente. Reiteramos, nunca demonstrou apetências financeiras, para uso próprio, ou da sua família. Existem vários indicadores que o comprovam e por esse mesmo Povo…entregou a alma e a vida!

Hoje, a acção de Agostinho Neto prossegue através da Fundação Dr. António Agostinho que, isenta de quaisquer compromissos que contrariem o pensamento impoluto do seu Patrono, continuará a defender de forma vertical, vigorosa, abnegada e pertinente, os princípios constantes no seu objecto social, com trabalhos de investigação, com o recrudescimento da sua linha editorial e com a contínua realização de fóruns para o debate permanente e nacional, como o tem feito com os os projectos “Diálogos em Família”, “Os Desafios do Ambiente”, dentre outros.

Aproveitamos ainda este espaço, para aconselhar a todos àqueles que se tentam esbarrar contra Agostinho Neto, de que que o melhor que têm a fazer, para se tornarem também referências e ajudarem realmente na construção da Nação será reverem-se em Agostinho Neto e fazerem obra; nos seus lares, nas suas ruas, nas suas comunidades… Assim, estarão a ter uma passagem útil e a ajudar nos esforços de construção do país. É muito fácil esgrimir palavras ofensivas escritas ou faladas à outrem, a soldo de interesses escusos, que nem são os da Nação, principalmente quando os ofendidos já não se podem defender. Aos nossos irmãos nessas condições, apelamos maior respeito e dignidade à si mesmos e abracem a causa nacional, para que a História os possa recordar, como recorda Agostinho Neto.

A Fundação Dr. António Agostinho Neto completa hoje, dia 14 de Setembro, 14 anos desde a sua criação, o mesmo tempo que durou a “Luta Armada de Libertação Nacional”, e isso nos encoraja, sobremaneira. Mas nós…avançaremos mais! Passaremos pelo Centenário, em 2022 e continuaremos a nossa luta pela permanente dignificação da vida e da obra do nosso Patrono, legando às próximas gerações, o conhecimento necessário para que sintam e se deliciem, com importância, do Homem invulgar que tiveram…
Muito obrigado!
Amarildo da Conceição, Administrador executivo.
Feito em Luanda, aos 14 de Setembro, de 2020.

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