FAAN

Canta, Calloway
geme os teus sons roucos
que se vão estrangular na vácuo
da vida

Canta, Armstrong
grita em músicas alegres
tuas finais de choro.

Canta, Robeson
tua música ambígua
triste, alegre, triste.

Saxofones,
clarinetes de Harlem

África
multidões, cantai!
Contai a vossa história
em audazes ritmos
de antifonias soluçantes.

Cantai
mostrai-me os fragmentos
de corações quebrados
nas síncopes musicais
captadas
das florestas do Congo.

Cantai
vossos ritmos
respirados ao luar
quentes como a luz sensual
das fogueiras
tristes como o vosso drama.

Entoai
vossas orgias de sentimento
história triste duma raça.

Ó mágicos do som,
contai a nossa história.

in “Amanhecer”, Agostinho Neto, Obra Poética Completa, página 160

Poesias relacionadas

AMANHECER

Há um sussuro morno sobre a terra; degladiam-se luz e trevas pela posse do Universo; sente-se a existência a penetrar-nos nas veias vinda lá de

Ver agora »

DOCEMENTE

Num dia em que um sorriso me pareceu amor. Eu acredito no amor. Um sol nasceu num dia qualquer Dia de amor Dia de alegria

Ver agora »

PAREDES VELHAS

Essas paredes velhas construidas por egoístas e que nos não lembram de mim hei-de destruí-las Levantaremos novos monumentos paredes novas que dirão aos nossos filhos

Ver agora »

BAILARICO

Vamos dançar dançar dançar que amanhã é feriado ninguém trabalha. Haja alegria, alegria. Mais uma rumba uma conga um samba nada de valsas não queremos

Ver agora »
Previous Next
Close
Test Caption
Test Description goes like this