FAAN

CAMPOS VERDES

Os campos verdes, longas serras, ternos lagos
estendem-se harmoniosos na terra tranquila
onde os olhos adormecem temores vagos
acesos mornamente sob a dura argila,

seca, como outrora mingou a doce esperança
quente, imperecível como sempre o amor
sacrificada, sangrada na lembrança
do esforço bestial do látego opressor.

Em campos verdes, longa serras, ternos lagos
refulgem ígneas chamas, rubros rugem mares
cintilando de ódio, com sorrisos em mil afagos

São as vozes em coro na impaciência
buscando paz, a vida em cansaços seculares
nos lábios soprando uma palavra: independência!

Cadeia de aljube de Lisboa
Setembro de 1960

in “Sagrada Esperança”, Agostinho Neto, Obra Poética Completa, página 114

Poesias relacionadas

A VOZ IGUAL

Neste amanhecer vital para os acontecimentos extraordinários por montes e rios, por anharas e preconceitos caminhamos já vitoriosos sobre a condição moribunda Um amanhecer vital

Ver agora »

DESTERRO

Para ti também mamã há uma só palavra nesta nova partida para o desterro – Coragem, voltaremos a encontrar-nos Irene, Elisa, Dady nomes duma ternura

Ver agora »

HAVEMOS DE VOLTAR

Às casas, às nossas lavras às praias, aos nossos campos havemos de voltar Às nossas terras vermelhas do café brancas do algodão verdes dos milharais

Ver agora »

LUTA

Violência vozes de aço ao sol incendeiam a paisagem já quente E os sonhos se desfazem contra uma muralha de baionetas Nova onda se levanta

Ver agora »
Previous Next
Close
Test Caption
Test Description goes like this