Era um prado lindo. A relva estava cheia de margaridas brancas ornadas de debruns rosa. Pareciam estrelinhas, que por aqui e por ali, tal qual as estrelas nos aparecem no firmamento nas noites calmas sem tempestade ou nuvens.
Uma cabrinha amarelinha, malhada de manchas brancas, passeava-se por entre a relva e de vez em quando comia a bom comer deste manjar tão lindo ao olhar.
Sentado num penedo, um menino olhava a cabrinha a saltitar e a encher a barriguinha com esta beleza de pasto no prado.
Ao longe ouviam-se guisos de ovelhas pela encosta do monte misturados com os seus balidos, que de contentamento, faziam méééés… . que ecoavam pela encosta do monte.
O menino apanhou um ramo de margaridas, das mais bonitas, e correu para a cabrinha e deu- lhe a comer. A cabrinha olhou para ele, agradecida, e deu-lhe uma cabeçadinha como que a dizer: Obrigada!
Foi também a cabrinha beber água num regato que passava ao lado aonde o menino- pastor estava sentado. A água estava límpida e a cabrinha matou a sede.
A natureza estava limpinha. Não havia papéis ou latas ou outro lixo a desfeiar ou a prejudicar a natureza. Tudo era harmonia e paz. Tudo era luz e perfume exalado das ervas e das plantas. Tudo era amor. Os peixes brincavam felizes no regato.
O menino pensou quão bonito era aqui comparado com a cidade lá em baixo, no sopé da montanha – Cheia de fumo dos carros; com montões de lixo nas ruas mais pobres; com buracos feios nas estradas. E disse para consigo: quando descer da montanha vou dizer aos homens lá em baixo que não poluam a terra com lixo. E vou fazer um grande cartaz que colarei no meu peito com os seguintes dizeres:
Nós, os meninos- pastores, queremos a natureza limpa, amada e respeitada; não queremos as árvores cortadas indiscriminadamente, nem as águas dos rios sujas. Pesem que já é tempo, o que vão fazer ao lixo; como vão evitar o fumo dos carros; como vão conservar puro o ar.
E assim foi. O menino-pastor desceu da montanha e fez tudo isso, porque ele pertencia aos defensores da natureza, ao Partido dos Verdes, que é o Partido que deve ser de todos os meninos, para que o nosso Planeta não fique doente e não morra intoxicado, antes esteja coberto de árvores, de trigo e de papoilas vermelhas, que é a cor do sangue e da vida!
Luanda, 9 de Agosto de 1989
Eugénia Neto
